Escrever exige sempre um pouco de dor ou um
pouco de paixão, um pouco de medo ou um tantinho de solidão, junta nisso
algumas dúvidas, duas dúzias de lágrimas e assim nasce o poema, assim, desse
jeito, nasce a poesia. Escrever antes de tudo é sentir - sentir até o fim -
como disse Clarice, escrever é traduzir e “sempre o será” resumiu Saramago.
Eu escrevo quando transbordo, escrevo quando
me calo, escrevo quando a esperança das palavras me vacila, escrevo porque não
sei falar e escrevo porque aqui eu não explico, eu não minto, eu não finjo.
Escrever é uma arte!
Ah se eu pudesse me esvaziar em cada uma
destas palavras bobas aqui descritas! Tão leve seria minh’alma, tão tolas
seriam as horas, que a cada novo poema haveria de nascer um novo amante, que a
cada singela poesia nasceria ao acaso um novo romance.
Quem dera o dia em que escrever seja só
morrer, e dia-a-dia morrer e renascer. Oxalá de um dia os ventos meus pedidos
entender para quiçá, quem sabe, o orixá mudar de ideia e definir que amar, a
partir de agora, já não é mais doer, a partir de agora está decretado que amar já
não é mais sofrer...