domingo, 29 de agosto de 2010

Liberdade se dá para quem sabe as ter


Esta semana ouvi um excelente desabafo do jornalista Ricardo Boechat na rádio Band News FM sobre a situação da imprensa e dos veículos de comunicação durante o período de eleições.

A crítica do Boechat se referia à impossibilidade dele, e de tantos outros jornalistas, expressarem em veículos de comunicação de massa suas críticas e pareceres aos nossos candidatos a representantes políticos. Segundo ele a liberdade de imprensa é invalidada a partir do momento em que o jornalista precisa emitir informações com o mesmo teor critico sobre todos os candidatos, sob pena de pagar multa, retratar-se publicamente e/ou sofrer processo judicial ao não cumprimento.

Boechat questiona o papel da imprensa neste processo e afirma que só resta aos jornais transmitir a agenda política dos candidatos e manter-se neutro a qualquer crítica ou processo de conscientização dos eleitores, afinal quem legisla sob estas limitações são os mesmos que se afetariam com as críticas e a liberdade.

Para mim, o desabafo foi extremamente interessante, pois além de ser o posicionamento de um dos mais influentes jornalistas do Brasil, trata-se do questionamento ao exercício democrático, a liberdade de imprensa e ao caráter tendencioso dos nossos veículos.

O Brasil desde 1808 possui liberdade de imprensa com ressalvas e brechas que limitam a ação das comunicações. Passou durante a Ditadura pelo extremo controle militar, e em 1988 devido a nova Constituição voltou a ter plena liberdade de expressão.

Nosso contato as propostas dos candidatos está restrita aos comícios – onde eles falam o que querem; aos horários políticos – onde eles também falam o que querem; e a internet – que exige a pro atividade do eleitor na pesquisa de análises e artigos críticos.

Esperar que todos os nosso eleitores busquem na internet informações sobre os candidatos e critiquem suas propostas é como pedir para chupar manga e não se lambuzar: tem que ter técnica e conhecimento das ferramentas.

Acredito que o Boechat tem razão em se chatear com as limitações, mas também acredito que nossa imprensa não tem maturidade para livrar-se dessas amarras, pensemos que com tantas regras as ações já são burladas diariamente quanto mais com a Globo podendo fazer o que quiser e para quem quiser. Todo veiculo tem seu preço e os políticos estão bem a vontade para pagar.

Desejo realmente que o Brasil um dia possua reconhecimento em alto nível educacional para que situações como essa não sejam tão complexas e tão difíceis de posicionar. A internet ainda não tem regras, mas logo esses limites virão e cada vez mais nós estaremos enjaulados no que “eles” querem nos mostrar. Tenho muito mais para falar, mas sei que, além disso, tudo pode ser usado contra mim no tribunal.

“Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar.” Che Guevara

Tchau Tchau

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Desregulamentar ou não? Eis a questão


Um dos assuntos mais discutidos pelos Relações Públicas e que já fez muita gente caminhar para sentidos diferentes é a desregulamentação da profissão.

São diversos debates, inúmeras justificativas e pontos de análise muito diferentes. O fato é que até então nenhuma opinião concreta me convenceu do sim e nem do não.

Para Alexandre Barros, cientista político, “em resumo, não ganhamos nada com profissões regulamentadas. Só ganham os profissionais que fazem parte delas”. A afirmação de Barros não tem nenhuma relação especifica com a profissão de Relações Públicas, mas sim com todas as profissões já regulamentadas e com o bem estar da sociedade. De acordo com o professor a regulamentação atrapalha a política nacional e se opõe ao desejo do cidadão/consumidor, como afirma a seguir: “todos devem poder contratar, para qualquer serviço, o profissional em quem confiam, independentemente de ter ou não um diploma e/ou um registro profissional”.

Teóricos das Relações Públicas como Cândido Teobaldo, um dos autores da proposta de regulamentação, afirma que todo o processo foi muito prematuro e que por isso o desenvolvimento da profissão não ocorreu como deveria ser. Outro questionamento é feito por Rolim Valença na sua afirmação de que “(...) houve um exagero de protecionismo e corporativismo que fecharam as fronteiras do ‘título’ de Relações Públicas a qualquer um que não fosse diplomado (...)”.

O fato é que a profissão se desenvolve gradativamente e possui o histórico de regulamentação em uma época pouco nobre, porém a ação de desregulamentar significa a “eliminação do controle governamental (isso inclui os Conselhos) de como os negócios são conduzidos, caminhando em direção a um mercado mais livre” por isso mesmo sem o controle necessário a garantir os direitos e competências profissionais de uma classe e permitindo que qualquer pessoa exerça a atividade sem controle e garantia de conhecimento e efetividade. Deixa-se o mercado realizar sua própria escolha e caminhar para qualquer direção sem a necessidade de uma formação apropriada.

Outro fato é que enquanto alguns profissionais desejam ver a profissão de Relações Públicas desregulamentada os Jornalistas lutam para que sua profissão seja regulamentada. No site do FENAJ atualmente 4481 profissionais de jornalismo assinaram uma manifestação a favor da regulamentação, em busca de mais garantias e direitos profissionais.

Acredito que o debate ainda será muito longo e tem que ser, já que tal atitude dependeria da decisão de toda a classe e do conhecimento sobre o tema, as justificativas precisam ser esgotadas e os argumentos analisados com extremo cuidado, afinal a desregulamentação é um “benefício ou malefício” somente da profissão de Relações Públicas entre as áreas de comunicação e que se for embora não voltará jamais.

"Seja a mudança que você quer ver no mundo." Dalai Lama

Tchau Tchau

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nesta campanha "bota a mão no joelho, dá uma abaixadinha..."


Ano de eleição, população cheia de dúvidas e incertezas, momento de atenção nos candidatos, análise de suas propostas, acompanhamento dos partidos em suas alianças e preparação redobrada para o grande show “democrático” que atrai até os olhares mais dispersos.

Para mim é uma ansiedade o momento em que o horário eleitoral começa e os queridos e nobres candidatos - cheios de criatividade - começam a apresentar seus VTs de campanha e seus jingles tão autênticos e originais.

Pois bem, é sobre os jingles mesmo que eu quero falar.

O termo jingle que significa tinir, retinir, ressoar, foi produzido pela primeira vez em 1926 nos EUA para o cereal matinal Wheaties, mas foi na década de 50 com o auge econômico que o jingle foi incorporado como ação indispensável para qualquer campanha publicitária, algo que perdura até hoje.

Definido pelo XXIV Congresso da Intercom como a “mensagem publicitária em forma de música, geralmente simples e cativante, fácil de cantarolar e recordar, criada e composta para a propaganda de uma determinada marca, produto, serviço” o jingle vai além da musicalidade publicitária a produtos e incorpora-se a campanhas de serviços, pessoas, acontecimentos e claro: candidatos políticos.

Para o dicionário Aurélio o termo Candidato refere-se a: “s.m. Pessoa que postula um emprego, uma função, um diploma, um cargo eletivo”, e Político tem como significado: “adj. Relativo ao governo de um Estado. // Direitos políticos, direitos em virtude dos quais um cidadão participa do governo. / Fig. Astuto, esperto, hábil: encontrou uma solução política. / &151; S.m. Aquele que se dedica à política”. Sendo assim Candidato Político significa “pessoa que postula um cargo político e se dedica à política” não esquecendo que deve ser astuto, esperto e hábil.

Este ano três jingles produzidos para atrair a atenção dos eleitores e despertar nos mesmos a credibilidade e a confiança para dedicação do seu voto me despertaram a atenção e a graça. Trata-se do jingle do candidato a Deputado Estadual Hilton (50.150), da candidata a Deputada Estadual Patrícia Nuno (popularmente conhecida como Delegata) e do também candidato a Deputado Estadual Uziel Bueno (o sistema é bruto).

O que mais me impressionou nestes candidatos foi a segmentação dos seus eleitores e a construção cômica e deplorável de seus jingles políticos.
Não tenho muito que falar do que toca para eles e do que tocaram eles, mas com certeza suas musiquetas já estão fazendo o maior sucesso na “boca do povo”.

Ouça-os aqui:

Hilton

PatriciaNuno

UzielBueno

“Todos gostamos de votar no melhor homem, mas ele nunca se candidata”. Kin Hubbard

Tchau Tchau