sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Desregulamentar ou não? Eis a questão


Um dos assuntos mais discutidos pelos Relações Públicas e que já fez muita gente caminhar para sentidos diferentes é a desregulamentação da profissão.

São diversos debates, inúmeras justificativas e pontos de análise muito diferentes. O fato é que até então nenhuma opinião concreta me convenceu do sim e nem do não.

Para Alexandre Barros, cientista político, “em resumo, não ganhamos nada com profissões regulamentadas. Só ganham os profissionais que fazem parte delas”. A afirmação de Barros não tem nenhuma relação especifica com a profissão de Relações Públicas, mas sim com todas as profissões já regulamentadas e com o bem estar da sociedade. De acordo com o professor a regulamentação atrapalha a política nacional e se opõe ao desejo do cidadão/consumidor, como afirma a seguir: “todos devem poder contratar, para qualquer serviço, o profissional em quem confiam, independentemente de ter ou não um diploma e/ou um registro profissional”.

Teóricos das Relações Públicas como Cândido Teobaldo, um dos autores da proposta de regulamentação, afirma que todo o processo foi muito prematuro e que por isso o desenvolvimento da profissão não ocorreu como deveria ser. Outro questionamento é feito por Rolim Valença na sua afirmação de que “(...) houve um exagero de protecionismo e corporativismo que fecharam as fronteiras do ‘título’ de Relações Públicas a qualquer um que não fosse diplomado (...)”.

O fato é que a profissão se desenvolve gradativamente e possui o histórico de regulamentação em uma época pouco nobre, porém a ação de desregulamentar significa a “eliminação do controle governamental (isso inclui os Conselhos) de como os negócios são conduzidos, caminhando em direção a um mercado mais livre” por isso mesmo sem o controle necessário a garantir os direitos e competências profissionais de uma classe e permitindo que qualquer pessoa exerça a atividade sem controle e garantia de conhecimento e efetividade. Deixa-se o mercado realizar sua própria escolha e caminhar para qualquer direção sem a necessidade de uma formação apropriada.

Outro fato é que enquanto alguns profissionais desejam ver a profissão de Relações Públicas desregulamentada os Jornalistas lutam para que sua profissão seja regulamentada. No site do FENAJ atualmente 4481 profissionais de jornalismo assinaram uma manifestação a favor da regulamentação, em busca de mais garantias e direitos profissionais.

Acredito que o debate ainda será muito longo e tem que ser, já que tal atitude dependeria da decisão de toda a classe e do conhecimento sobre o tema, as justificativas precisam ser esgotadas e os argumentos analisados com extremo cuidado, afinal a desregulamentação é um “benefício ou malefício” somente da profissão de Relações Públicas entre as áreas de comunicação e que se for embora não voltará jamais.

"Seja a mudança que você quer ver no mundo." Dalai Lama

Tchau Tchau

5 comentários:

  1. O tema é sempre válido, muito embora há tempos venha sendo discutido e por vezes cause um certo "cansaço". Afinal, enquanto a gente discute, o mundo ai fora está correndo, e pessoas de diversas formações superiores (ou nenhuma) ocupam vários espaços profissionais com funções bastante assemelhadas ou iguais ao que a tal lei "manda" ser de relações públicas.

    Sempre fui favorável à competência como medida de validação de acesso e desempenho a um cargo - e não um determinado diploma grudado na parede. De outro lado, com o conhecimento precário da área regulamentada de RP no Brasil, os egressos do curso ficam em franca desvantagem em comparação a outras áreas mais badaladas, e pretensamente mais importantes ou desejáveis/desejadas. Pelo status, escolhe-se um formado em Jornalismo em detrimento de outro formado em RP, e nem sempre portanto o indicador é a citada competência.

    O tema é complicado mesmo. Agora, que regulamentação não garante nada a ninguém, disto eu particularmente não tenho a menor dúvida.

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  2. Boa tarde Rodrigo.
    Atendendo ao seu pedido, eis o meu comentário aqui sobre seu post, cujo tema realmente é muito discutido e preocupante. Concordo com o Cogo (acima) quando diz que gera um certo "cansaço", pois a maioria fala, fala e fala, escreve, escreve e escreve, mas atitude que é bom, tem nenhuma.

    Discordo com o tal Alexandre Barros qdo ele diz que todos devem poder contratar o profissional em quem confiam, independente de ter ou não um diploma ou registro. Poder pode sim, só cabe ao empresário analisar se compensa ver as coisas dessa forma.

    Primeiramente, confiança pode ser adquirida enquanto vc mostra o seu trabalho. No que diz respeito a técnicas e conhecimentos não é qualquer funcionário de confiança que os terá.

    Quero dizer que a formação (diploma) é fundamental SIM! Se for assim, as instituições de ensino são um simples capricho p/quem não tem o que fazer? As coisas não são bem assim e, na minha opinião, o Alexandre foi infeliz em sua colocação.

    O empregador, no ato da contratação, é quem deve estabelecer os critérios, exigências e prioridades ao escolher o profissional. Se quer um diplomado, ótimo! Se não faz questão, fazer o que? Agora, dizer que "não ganhamos nada com profissões regulamentadas" é um absurdo!

    Sou totalmente contra a desregulamentação das RPs, não pq sou uma, mas as RPs já fazem parte das nossa história. Não devemos acabar com a nossa história tbm! Pelo contrário, unir esforços para valorizar e melhorar cada vez mais a nossa classe, pois nós acreditamos nela! Eu, pelo menos, acredito.

    Ah, parabéns pela frase, vc fechou seu texto com chave de ouro!! =)

    Um abraço!

    Ludimila Costa
    @ludscosta
    www.ludscosta.blogspot.com
    www.meadiciona.com/ludscosta

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  3. Olá Ludmila e Cogo,

    De fato o tema é muito discutido mas nada de concreto é realizado. Independente do fato de só ficarmos na teoria acredito que algo está acesso e que mesmo assim é desconhecimento para muitos.

    Também não sou a favor do comentário de Barros, acredito que o profissional que se intitula de alguma área deve ter conhecimentos específicos que também se adquirem na academia, ela não é o fator responsa´vel pela inserção no mercado mas garante que o candidato teve obrigatoriamente que ter acesso a disciplinas gerais, de humanidades e específicas da profissão. Imagine ir em um médico que não tem diploma? E um psicólogo?

    Quanto a desregulamentação para mim é uma grande dúvida mas ao mesmo tempo penso em um retrocesso. Acredito que devemos corrigir hoje os erros do passado mas manter os direitos que nos são garantidos.

    O que pensam?

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  4. Bom dia.

    Realmente, a desregulamentação seria um retrocesso, além de uma grande perda para a nossa classe.

    Concordo com sua colocação no último parágrafo e complemento afirmando que devemos não só manter os direitos garantidos, mas fazer valer esses direitos, desrespeitados por profissionais da própria classe e demais.

    Um abraço!

    Ludimila Costa
    @ludscosta
    www.ludscosta.blogspot.com
    www.meadiciona.com/ludscosta

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  5. Olá Amigos,
    As ponderações a respeito de regulamentação são sempre válidas quando dão ampla condição de debate sem paixões envolvidas. Coisa difícil quando se fala na profissão que amamos, nos ideais que defendemos e nas incertezas que são muitas.
    Em minha opinião acredito que falar em desregulamentação tem que primeiro testar os benefícios da regulamentação.
    Esses benefícios não são dos profissionais registrados e sim da sociedade.
    Os Conselhos não encontram muitos apoiadores porque em geral estão providenciando (ou deveriam providenciar) fiscalização aos profissionais que agem sem balizamento ético e promovem ônus a sociedade. Função essa pouco entendida e pouco difundida. Em geral os Conselhos menores, estruturalmente falando, não possuem condições mínimas para efetivar sua cominicação.
    Acredito que esses benefícios não terão tão cedo uma apresentação sólida, porque falta possibilidade de representação pelo fraco contexto de vínculo dos profissionais e pouca mobilização.
    Culpa de quem? Não acredito que exista um culpado, mas responsáveis com certeza.
    E essa responsabilidade é de todos nós. Registrados, não registrados, dirigentes, oposição e sociedade organizada.
    Acredito sinceramente que não termos uma profissão regulamentada é um ponto desfavorável em meio a várias oscilações de limites éticos das organizações.
    O melhor mesmo é que não tivéssemos a necessidade de regulamentar nada e que cada um de nós fosse senhor de suas opiniões e ações, mas isso, como pensava Platão, só em uma sociedade de Deuses. Impossível né?
    Outra coisa importante é que não podemos ser considerados atrasados porque temos uma regulamentação ou profissões regulamentadas.
    Em outros países “desenvolvidos” podem não haver uma legislação específica, mas a regulamentação acontece de várias formas e em vários níveis sociais.
    É isso ai, espero ver mais debates sobre isso e de bom nível de discussão(faço questão de participar) para viabilizar uma massa crítica que contribua para os rumos profissionais do que fazemos de forma apaixonada e apaixonante.
    Abraços!
    Valdeci Ferreira

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