quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Desabafo de uma perda


Perder a cabeça, perder a pose, perder o juízo, perder os sonhos, perder a paz, perder as estribeiras, perder a noção do tempo, perder a hora, perder a vez, perder de vista, perder o siso, perder o chão, perder-se...

Em todo instante perdemos algo. Desde a perda do dia a perda da vitalidade. Perdemos o que nunca tivemos e perdemos idéias que não nos cabia, perdemos sonhos e perdemos antigas idéias.

A vida é um grande jogo de perdas e ganhos.

O dicionário Aurélio define perder como “v.t. Ficar privado de, deixar de ter (algo que se possuía), deixar (alguma coisa) extraviar-se. / Ficar em situação desvantajosa, ter mau êxito. / Arruinar, desgraçar. / Deixar de presenciar”.

No momento em que deixamos o ventre materno perdemos o espaço de proteção e a ligação umbilical que possuíamos, afinal já nascemos começando a perder. Mas eis que então na nova sucessão de perdas nós também começamos a ganhar.

Ganhamos a vida, ganhamos amores, ganhamos disputas, ganhamos carinho, ganhamos segurança, ganhamos vitalidade, ganhamos momentos, ganhamos novos sonhos, novos desejos, novas aventuras. Ganhamos a oportunidade de tentar novamente e a possibilidade de errar mais uma vez.

A depender do ângulo observado – e eu não desejo a síndrome de Pollyanna – sabemos que o que está por vir pode ser ainda melhor do que o que nunca nos foi e que cada caminho possui um tempo e uma história.

“Perder-se também é caminho”. Clarice Lispector

Ops – Na última semana perdi uma gatinha que foi grande companheira. Malu, esse é para você!

Tchau Tchau

domingo, 26 de setembro de 2010

Preocupa-me o poder de Lula


Na falta do que pensar e sem ter outra situação melhor para estar, me encontro bem preocupado com o atual momento político-comportamental que o brasileiro está.

Após oito anos de governo PT, escândalos, ganhos, perdas, benefícios e uma reestruturação do Brasil – pré e pós Lula – o brasileiro age pacificamente como que se estivesse enfeitiçado e cego a todas as situações.

Sob nenhuma hipótese questiono o mérito do nosso atual Presidente. Equilíbrio econômico, pagamento da dívida externa, ascensão social das classes, diminuição da pobreza, incentivo ao turismo, relações cordiais com diversos países, diplomacia, maior índice de alfabetização, criação dos Institutos Federais de Ensino, promoção de políticas de igualdade, respeito ao funcionalismo público, acesso de milhões de jovens ao ensino superior, formação técnica entre tantos outros benefícios que são do conhecimento de quem me lê neste momento. Mas existe outro lado.

Em dois mandatos o governo Lula acumula uma série de escândalos suficientes para deixar qualquer pêlo do corpo em pé – por favor, poupem-me os que justificam as falhas afirmando que isso sempre houve. Podem parar a leitura, pois para mim atos inaceitáveis acontecem independentes dos méritos, ok?

Entre CPI dos Correios, mensalões, valeriodutos, Duda Mendonça, CPI dos Bingos, CPI da Amazônia, quebras de sigilo, escândalos parlamentares e uma série de “não sabia de nada” o nosso Presidente obteve aceitação popular suficiente para manter-se no poder e ouvir até de quem estava longe o sonoro "Esse é o cara! Eu adoro esse cara! (Barack Obama).

Acontece que, honestamente, o meu incomodo agora não se refere aos escândalos e nem ao fato de Lula manter-se no poder, mas a situação em que o eleitorado brasileiro passivamente está em não cobrar soluções e nem explicações a nada. Se Lula falou está falado, isso me causa medo.

Com o último escândalo envolvendo a Ministra da Casa Civil Erenice Guerra pude perceber que independente da situação que se instale na política o eleitorado está, e será sempre, a favor das opiniões e sugestões lulistas, não a toa candidatos dos mais diversos partidos utilizam descaradamente a imagem do “Homem” como forma de autopromoção, aproximação da população e ganho de votos.

Preocupa-me a falta de criticidade do eleitor e a permissividade adquirida por Lula, preocupo-me com está manutenção do poder que se instala e com o risco de vivermos um golpe disfarçado como democracia, preocupa-me o assistencialismo sem fim que mantém o controle social e subjuga cada cidadão a compra de mais um eleitor, preocupo-me com os brasileiros conscientes que aceitam toda situação com medo do que pode vir depois, preocupa-me perder um grande político como Lula pelo excesso de poder que lhe foi conferido.

Estou muito preocupado.

“Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te”. Friedrich Nietzsche

Tchau Tchau

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Nesta democracia onde tudo é circo...


Confesso e afirmo categoricamente que a intenção deste blog não é falar somente sobre política ou sobre as eleições 2010, mas acontece que esse assunto produz tanta pauta à discussão que em cada nova barbaridade e inovação dos candidatos o meu desejo de compartilhar assume o domínio e não me deixa pensar em outra coisa.

Que os nossos candidatos em suas campanhas eleitoreiras adotaram muito bem a política do “pão e circo” não é nenhuma novidade, mas oferecer ao povo cerveja de graça – isso mesmo, cerveja! – como contrapartida a sua vitória nas urnas é algo que eu ainda não havia presenciado.

Recentemente tive o (des)prazer de ver e ouvir um trio elétrico do candidato a Deputado Federal Daniel Almeida, em Salvador, prometer a seus eleitores que caso seja eleito pagará cerveja para todo mundo em uma grande festa sob sua organização. O candidato "dotô", claro, deve ser muito inteligente e através de segmentação dos eleitores percebeu que só quem vota nele são os interesseiros, os bêbados e os alcoólatras, no mínimo.

Pois bem, com este tema o que dizer sobre tal situação?

De acordo com o dicionário Aurélio Democracia representa o “governo do povo. / Regime político que se funda na soberania popular, na liberdade eleitoral, na divisão de poderes e no controle da autoridade”, sendo que seu estado pleno no Brasil – pós Ditadura – data o ano de 1985 com a eleição do Presidente Tancredo Neves.

Entre 1985 e 2010 nós temos 25 anos de democracia brasileira e uma história pobre de incentivos a educação e a capacitação critica dos nossos eleitores – ponho-me incluso neste meio –, que impedem a análise real das situações propostas por candidatos, tendo como exemplo o nobre Deputado, e nos afunda em assistencialismos e regalias eleitoreiras para que o controle social da massa seja realizada por políticos despreparados, propostas infundadas e um show de mundos paralelos nos programas de TV.

Sob minha análise a imaturidade política da nossa população – incluo eleitores e políticos – permite que situações absurdas como essa citada e tantas outras sejam vistas e despercebidas como incabíveis em uma democracia com tantas pluralidades. Penso que é o momento da ênfase no ensino publico surgir e permitir que os avanços aconteçam de forma real e homogênea a sociedade civil, afinal o povo não quer só comida, quer também arte, cultura, lazer e educação.

Para finalizar meu desabafo deixo claro que não sou partidário e nem desejo somente criticar a postura dos nossos candidatos, acredito que exista algo de positivo para o povo em algum deles (?) mas que ainda falta muito para podermos acreditar em – como exemplo – um candidato do PCdoB – Partido Comunista do Brasil – que oferece cerveja como comemoração a sua eleição e está contra toda a estrutura ideológica (?) do partido.

“A democracia... é uma constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a desiguais”. Platão

Tchau Tchau

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O valor do seu riso vale um horário político


Críticas variadas às comunicações realizadas durante a campanha política 2010 no Brasil pulsam enlouquecidas em cada poro do meu corpo.

Excesso de photoshops, mundos paralelos, demagogos sem fim, obras fantasmas e a mesmice de um horário eleitoral feito para poucos assistirem, muitos se iludirem e alguns rirem me faz sentir transportado ao país das maravilhas tendo os olhos inocentes da doce e boba Pollyanna.

O circo está armado e o show começa com as mesmas acrobacias: partidos pobres x partidos ricos, coligações fortes x coligações fracas, puxadores x representantes do povo, excelentes materiais de campanha x bizarrices sem precedentes, e no meio de tudo isso uma platéia que deseja no fundo da alma subir de classe social e garantir que o país avançará para algum lugar. Isso mesmo: para qualquer lugar, pois do jeito que está não pode ficar.

Ops. Me lembrei do “pior que tá, não fica!” mas isso é outro assunto.

Muitos eleitores não sabem, e provavelmente continuarão sem saber, mas a propaganda eleitoral gratuita não tem nada de gratuito. Quem acredita que exista a benesse dos veículos de comunicação em ceder seus espaços para os aspirantes políticos apresentarem seus shows de propostas estão muito enganados. Este ano o subsidio para as emissoras de TV e rádio atinge a singela cifra de R$ 851 milhões, e quem paga a conta – claro – é você querido eleitor!

A compensação às emissoras de televisão e rádio com a dedução nos impostos de renda existe desde 1970, mas a cada ano aumenta tanto que o assunto já virou conteúdo de discussão e por isso uma conta foi realizada pelo Tribuna do Piauí dividindo valor gasto x números de eleitores = que foi totalizado em R$ 6,20 para cada um dos 135,8 milhões de eleitores.

Sinto-me como um cachorro na frente de um frango assado a cada proposta que os políticos apresentam em seus VTs, mas da mesma forma sei que meu próximo disfarce será de Evan – Efeito Borboleta – querendo voltar no tempo e corrigir loucamente o erro irremediável das urnas.

Mundos de fantasia e realidades tão verdadeiras quanto uma cédula de R$ 3,00 em período de campanha são as artimanhas dos nossos representantes políticos que cativam os eleitores e produzem na nossa sociedade a manutenção de uma população ignorante e sedenta por uma chance de mudar de vida no show bussines.

Mas o show não pode parar!

“Uma vida não questionada não merece ser vivida”. Platão

Tchau Tchau