quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Desabafo de uma perda


Perder a cabeça, perder a pose, perder o juízo, perder os sonhos, perder a paz, perder as estribeiras, perder a noção do tempo, perder a hora, perder a vez, perder de vista, perder o siso, perder o chão, perder-se...

Em todo instante perdemos algo. Desde a perda do dia a perda da vitalidade. Perdemos o que nunca tivemos e perdemos idéias que não nos cabia, perdemos sonhos e perdemos antigas idéias.

A vida é um grande jogo de perdas e ganhos.

O dicionário Aurélio define perder como “v.t. Ficar privado de, deixar de ter (algo que se possuía), deixar (alguma coisa) extraviar-se. / Ficar em situação desvantajosa, ter mau êxito. / Arruinar, desgraçar. / Deixar de presenciar”.

No momento em que deixamos o ventre materno perdemos o espaço de proteção e a ligação umbilical que possuíamos, afinal já nascemos começando a perder. Mas eis que então na nova sucessão de perdas nós também começamos a ganhar.

Ganhamos a vida, ganhamos amores, ganhamos disputas, ganhamos carinho, ganhamos segurança, ganhamos vitalidade, ganhamos momentos, ganhamos novos sonhos, novos desejos, novas aventuras. Ganhamos a oportunidade de tentar novamente e a possibilidade de errar mais uma vez.

A depender do ângulo observado – e eu não desejo a síndrome de Pollyanna – sabemos que o que está por vir pode ser ainda melhor do que o que nunca nos foi e que cada caminho possui um tempo e uma história.

“Perder-se também é caminho”. Clarice Lispector

Ops – Na última semana perdi uma gatinha que foi grande companheira. Malu, esse é para você!

Tchau Tchau

2 comentários:

  1. não havia lido isto ainda Rô. e só agora me dei conta de como mais esta perda deve ter sido difícil. bjs amigo querido

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