terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Brasil nasceu aqui


Que me perdoem os xenófobos e inoportunos, mas nascer na Bahia tem um “q” de magia.

Terra de todos os santos, sabores, cores, amores, credos, povos e experiências, na Bahia o sincretismo é validado pelo Papa e comemorado em cada festa “santa”.

Manifestações de intolerância, racismo, descaso e desconhecimento são tão comuns para a Bahia quanto a admiração de ver o pôr-do-sol no Humaitá ou o prazer de tomar um banho de mar a noite no Porto da Barra. Parece que quem fala mal da Bahia ainda não conhece a alegria de viver.

Em cada canto do interior, do povo de pé no chão, do som festeiro, das mínimas comemorações, Caetano, Bethânia, Gil, rendeira, bordadeira, marisqueiras, samba no pé, Morro de São Paulo, moqueca e acarajé. A alegria do baiano está além do carnaval, cada dia é celebrado do nascer ao pôr-do sol por mais que tudo pareça ruim. O povo constrói sua casa em grupo mas tira do piso para pagar o feijão e tira da comunidade novos amigos e novas famílias.

Existe erro nesta cultura? Quem souber, morre!.

Mas entre tudo, meu post é para celebrar uma das festas populares de maior encanto e alegria para os baianos: a Festa de Yemanjá.

Yemanjá: Ye + omo + eja = mãe dos filhos peixes, ou, Yèyé omo ejá = mãe cujos filhos são peixes. É a deusa do mar cuja vaidade é tipicamente feminina. Mãe, esposa e romântica, Yemanjá é celebrada em Salvador a cada dia 2 de fevereiro, sempre com muitas rosas, perfumes e presentes ao mar.

A festa que reúne o sagrado e o profano nasceu em 1928, época em que o Rio Vermelho nascia para Salvador e os pescadores festejavam suas crenças. A festa era dividida em duas partes: primeiro a missa na Igreja de Santana onde católicos e pescadores rezavam em louvor a santa, depois os devotos da Rainha se lançavam ao mar para agradecer a fartura, presentear a mãe d’água e garantir peixe por todo o ano.

Depois de tanto tempo a festa já não é como antes, porém rigorosamente baianos e pescadores festejam e entregam ao mar presentes e desejos para que o ano comece bem e Yemanjá abençoe seus caminhos.

Odoyá!


“Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu” Fernando Pessoa


Tchau Tchau

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