segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dois pontos e uma curva

Sabe quando você precisa de um minuto de silêncio? Não para ficar só, mas para refletir, reorganizar, reabastecer e se despir de velhas roupas.

Aquele instante em que a água borbulha e é preciso manter a espinha ereta. Nesta hora, nada melhor que uma mão firme e um olhar atenuante, sem amarras, sem medos e sem distâncias
.
O bom mesmo é compartilhar o silêncio e conversar entre respirações. Parece bobo, ou até pesado demais, mas quem não experimenta de momentos assim?
Bom seria se pudéssemos gritar, ou em alguns momentos fugir, mas não, o tempo não para.

Difícil mesmo é misturar cabeças e travesseiros. Uma hora a coroa nos serve e em outras parece brilhante demais, em uma hora alçamos voo, em outras sentimos medo de acordar.

Queria poder brincar de ser menino e apagar os medos e anseios, queria fingir que amanhã é domingo e que depois de domingo vem um outro domingo, e jamais deixar de lado a inocência que já foi tão minha e os sonhos que me acompanham a cada novo respirar.

Vai, vai domando um leão por dia e marcando o solo com seus pés quase sempre descalços, vai a luta por um sol sempre quente e uma sombra a espera, vai devagar e sem forçar a corda, vai junto, vai leve, vai em paz.

Desistir? Jamais! Eu quero é mais amor, aroma, sabor, calor... Assim, de mãos dadas, mente firme e pés entrelaçados.

Um dia, ainda nesta vida, eu não serei mais um guerreiro, mas sim uma bela e imponente nação.

“Estou no começo do meu desespero, e só vejo dois caminhos: ou viro doida, ou santa.”
Adélia Prado


Tchau tchau

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Dos filhos deste solo


O atual movimento social que ultrapassa a internet e deixa suas marcas nas ruas e na memória deste país é a prova de que, no fundo dos nossos medos e controles, estamos sedentos por mudança.

Seja partidário ou não, com violência ou não, momentâneo ou cheio de aspas, o melhor de tudo é ver meu povo na rua, reivindicando, fazendo história e desafiando a tudo o que nos prende e nos é imposto.

Somos jovens, educados, aborrecidos.

Somos este movimento que não aceita Felicianos, Malafaias, mensalões, violências, roubos e a palhaçada ao qual somos submetidos. Somos o povo que discute, que colabora, que transmite. Somos cidadãos interessados em informação, que desbloqueia Wi-Fi, fotografa a situação, trabalha em rede e além dos jornais. Somos mais do que o controle, não somos muito, mas estamos com fome e nossa fome só está aumentando.

Queremos um pouco mais de pão, saúde e educação. Queremos um pouco mais para o outro, para aquele que nos olha sem saber o que pedir. Queremos estudar mais, ler mais, discutir mais, criar mais e viver mais. Queremos entender o que significa “Ordem e Progresso” e o motivo de ninguém saber realmente explicar. Queremos aquilo que nos movimenta e aquilo que nos controla. Queremos ter algum controle.

Não nos conhecemos e sequer sabemos o resultado de tudo isso, mas nos identificamos com a luta e com o sentimento de que alguma coisa nesta terra está fora da ordem. Não vamos todos para a rua, mas vamos estar juntos, de qualquer ponto, em qualquer situação. Hoje eu vejo meu povo rindo ao voltar de cada passeata, vejo meus pares com sorrisos orgulhosos ao ler sobre cada manifestação e sinto que o futuro desta minha gente ainda está por vir.

“verás que um filho teu não foge a luta...”
Hino Nacional Brasileiro

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Transpire e inspire

E de tempos em tempos a vida te vira, revira e transpira. A forma se transforma e a fôrma já não serve mais a receita antiga. Nesta hora nos despimos e desconstruímos o que um dia, por acaso ou descaso, nos serviu tão bem.

Em alguns momentos a hora se desdobra e faz da antiga dobra só uma marca que mesmo disforme já não faz do nosso norte um caminho confortável para trilhar.


Novos sonhos, novos passos, velhos planos, algo assim meio por cuidado. O mundo já não seria mais o mesmo de qualquer escolha, mas também não se esperava que fosse tão surpreendente como pode ser a partir de agora.


Se é para sonhar, te peço que me dê a sua mão e tire os pés do chão. Um novo traço já começou...

“Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos.”

Carlo Dossi

Tchau Tchau

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Trama em segredo teus planos


“Trama em segredo teus planos”, assim Clara Nunes inicia uma de suas mais famosas canções. A música, que ao decorrer da melodia dá outra conotação para esta frase, me desperta para o quanto vivemos desconfiados e em segredo quanto as nossas intenções, desejos e aspirações.

Parece que a todo instante e em todo lugar somos observados e avaliados pelas nossas experiências, conquistas, caminhadas e atitudes, vivemos numa invisível cortina de expectadores famintos e cercados por nebulosas intenções de todos os planos. Pode ser talvez que o seu perigo esteja imediatamente ao lado, ou que a escada de descida seja o próprio medo de viver. Pode ser que tudo isso seja uma grande balela, mas pode ser também que “existam mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia possa prever”.

Tento aprender desde criança que projetos e conquistas não devem ser divulgados. Frases do tipo: “as vezes as pessoas sentem inveja sem nem perceber”, “inveja é uma coisa muito séria”, “inveja é o pior sentimento que existe”, “cuidado em quem você confia”, permeiam meus dias como frases ditas a um surdo. Não digo com isso que sou um livro aberto, nem que saio contando ao mundo o que almejo fazer, mas tem uma coisa nisso tudo que eu não consigo esconder, e são eles os meus transparentes estados de humor.

Se estou feliz, tenho um sorriso estampado no rosto. Se me aborreço, na hora verá o quanto fiquei incomodado. Acabo sendo assim, bem previsível e muito pouco educado. Pode ser que com isso fique mais fácil lidar comigo, pode ser que seja complicado deixar para resolver depois, mas no meio de humores claros e transbordantes em minh’alma vem a necessidade de esconder, de qualquer mal informado, a danada da felicidade...

Aaaaaaa! Faça-me uma garapa!
Não quero arriscar o que está bom, nem quero ver “olho gordo” na minha alegria, mas vamos combinar que a felicidade é gostosa de ser escancarada. É ou não é ou não é?
Afinal a inveja dos invejosos, se não fosse tão maligna e corrosiva aos carentes de emoção, seria deliciosa para assistir de um camarote repleto de euforia.

“A inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la.”
Ramón Cajal

Tchau Tchau

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Veia de loucura


Eu tenho pressa. Sou feito de agora e não do que virá. Não tenho muito tempo para delongas e conversas miúdas, tampouco quero que esteja emaranhado entre verdades sem conduta ou desejos sem razão.

Quero o que é agora e por isso quero logo. Minha paciência para esperar o que já é verdade se extingue a cada vento.


Ou é ou não é! 

E se for, que seja para sempre, e que o para sempre dure somente o necessário para a felicidade. Eu quero almas e corpos, verdades e loucuras, quero o que seja instantâneo e que por isso se desprenda de velhos hábitos e desnecessários medos.

Só me dê o que for seu, mas dê tudo... Jamais me contentei com metades ou pouca ambição. Dispenso o que não me surpreende e nem me encanta. Se dê pouco e ganhará nada. Me traia ou me engane e chore lágrimas de dor solitária. Me divida e perderá somente a parte boa.

Para mim é e sempre será o tudo ou o nada. Sendo tudo eu te abro o mundo, sendo o nada em instantes te esqueço.

Prepare-se! Um novo mundo começa agora.

Tchau Tchau

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Qual é a sua graça?


O mundo está ao contrário e ninguém reparou?
Eu reparei. Não fiz muita coisa para mudar, mas tenho observado de cima da minha inconstância.

Abusos, absurdos, rumores, humores, desamores, descontroles, dissabores... Tantas intempéries cotidianas que as vezes a desgraça perde até a graça se não transformada em piada.

Deus me perdoe, e que meus filhos não paguem, mas faço piada da minha vida perpassando a sua, gosto da acidez de quem não alimenta preconceitos e da rapidez de quem entende a piada sem terminar de ouvir. Tem coisa melhor do que não precisar explicar a ironia? E a liberdade de ser politicamente incorreto por ser assim a melhor forma de fazer graça da sua própria condição?

Aaaaaa, poupem-me os hipócritas e afastem-se de mim os deselegantes. Não me permito sorrisos aos racistas, preconceituosos, vaidosos, grosseiros e petulantes, tampouco crio vínculos com moralistas e donos da verdade. Me encanto mesmo pelos livres! Os que abraçam e sorriem a qualquer hora e com qualquer música, que além de terem sempre um brilho no olhar, carregam a baianidade de serem “família” depois do segundo segredo, ou segundo copo (o que dá no mesmo) e nunca serão invisíveis.

Discrição para que? Eu quero pegadas na areia e nome riscado no chão. Um pouco de dor e amor transbordando cai sempre bem com vodka e gelo. Me apaixono a primeira vista, amo escandalosamente e um dia desamo, mas não desamo para sempre, ignoro por segundos e aí então nasce o segredo do novo amor. Ou será pela mesma pessoa, ou por qualquer transeunte que sonhe comigo o futuro.

Quero mais graça, de graça!

Um dia, talvez, eu desça do muro e tenha um lado na moeda. Hoje eu fico no meu muro a atirar tomates nos corpos sem alma, não que isso tenha graça, mas ao menos faço da minha desgraça um pouco de piada para entreter a minha própria dúvida.