quinta-feira, 13 de junho de 2013

Trama em segredo teus planos


“Trama em segredo teus planos”, assim Clara Nunes inicia uma de suas mais famosas canções. A música, que ao decorrer da melodia dá outra conotação para esta frase, me desperta para o quanto vivemos desconfiados e em segredo quanto as nossas intenções, desejos e aspirações.

Parece que a todo instante e em todo lugar somos observados e avaliados pelas nossas experiências, conquistas, caminhadas e atitudes, vivemos numa invisível cortina de expectadores famintos e cercados por nebulosas intenções de todos os planos. Pode ser talvez que o seu perigo esteja imediatamente ao lado, ou que a escada de descida seja o próprio medo de viver. Pode ser que tudo isso seja uma grande balela, mas pode ser também que “existam mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia possa prever”.

Tento aprender desde criança que projetos e conquistas não devem ser divulgados. Frases do tipo: “as vezes as pessoas sentem inveja sem nem perceber”, “inveja é uma coisa muito séria”, “inveja é o pior sentimento que existe”, “cuidado em quem você confia”, permeiam meus dias como frases ditas a um surdo. Não digo com isso que sou um livro aberto, nem que saio contando ao mundo o que almejo fazer, mas tem uma coisa nisso tudo que eu não consigo esconder, e são eles os meus transparentes estados de humor.

Se estou feliz, tenho um sorriso estampado no rosto. Se me aborreço, na hora verá o quanto fiquei incomodado. Acabo sendo assim, bem previsível e muito pouco educado. Pode ser que com isso fique mais fácil lidar comigo, pode ser que seja complicado deixar para resolver depois, mas no meio de humores claros e transbordantes em minh’alma vem a necessidade de esconder, de qualquer mal informado, a danada da felicidade...

Aaaaaaa! Faça-me uma garapa!
Não quero arriscar o que está bom, nem quero ver “olho gordo” na minha alegria, mas vamos combinar que a felicidade é gostosa de ser escancarada. É ou não é ou não é?
Afinal a inveja dos invejosos, se não fosse tão maligna e corrosiva aos carentes de emoção, seria deliciosa para assistir de um camarote repleto de euforia.

“A inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la.”
Ramón Cajal

Tchau Tchau

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