“Trama
em segredo teus planos”, assim Clara Nunes inicia uma de suas mais famosas
canções. A música, que ao decorrer da melodia dá outra conotação para esta
frase, me desperta para o quanto vivemos desconfiados e em segredo quanto as
nossas intenções, desejos e aspirações.
Parece
que a todo instante e em todo lugar somos observados e avaliados pelas nossas experiências,
conquistas, caminhadas e atitudes, vivemos numa invisível cortina de
expectadores famintos e cercados por nebulosas intenções de todos os planos. Pode ser talvez que o seu perigo esteja
imediatamente ao lado, ou que a escada de descida seja o próprio medo de viver.
Pode ser que tudo isso seja uma grande balela, mas pode ser também que “existam
mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia possa prever”.
Tento
aprender desde criança que projetos e conquistas não devem ser divulgados.
Frases do tipo: “as vezes as pessoas sentem inveja sem nem perceber”, “inveja é
uma coisa muito séria”, “inveja é o pior sentimento que existe”, “cuidado em
quem você confia”, permeiam meus dias como frases ditas a um surdo. Não digo
com isso que sou um livro aberto, nem que saio contando ao mundo o que almejo
fazer, mas tem uma coisa nisso tudo que eu não consigo esconder, e são eles os
meus transparentes estados de humor.
Se
estou feliz, tenho um sorriso estampado no rosto. Se me aborreço, na hora verá
o quanto fiquei incomodado. Acabo sendo assim, bem previsível e muito pouco
educado. Pode ser que com isso fique mais fácil lidar comigo, pode ser que seja
complicado deixar para resolver depois, mas no meio de humores claros e
transbordantes em minh’alma vem a necessidade de esconder, de qualquer mal
informado, a danada da felicidade...
Aaaaaaa!
Faça-me uma garapa!
Não
quero arriscar o que está bom, nem quero ver “olho gordo” na minha alegria, mas
vamos combinar que a felicidade é gostosa de ser escancarada. É ou não é ou não
é?
Afinal
a inveja dos invejosos, se não fosse tão maligna e corrosiva aos carentes de
emoção, seria deliciosa para assistir de um camarote repleto de euforia.
“A
inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la.”
Ramón
Cajal
Tchau
Tchau
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